SENAI Eletrônica Básica User Manual

Eletrônica Básica
SENAI-SP, 2004
Trabalho elaborado pela Escola Senai “Antonio de Souza Noschese” – Santos – SENAI-SP, a partir dos conteúdos extraídos das apostilas, REE do Departamento Regional de São Paulo.
Equipe responsável
Coordenação geral
Aurélio Ribeiro
Elaboração
Roberto Ferreira de Carvalho
Revisão técnica
Roberto Ferreira de Carvalho Moacir Ferreira de Souza Filho Daniel Divino Rodrigues da Silva
SENAI
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1
Índice
Grandezas Elétricas – Tensão Elétrica 03 Corrente Elétrica 10 Resistência Elétrica 13 Potência Elétrica em CC 15 Resistores 18 Código de Cores para Resistores 23 Resistores Ajustáveis 28 Potenciômetros 30 Associação de Resistores 34 Resistência Equivalente de uma Associação Série 36 Resistência Equivalente de uma Associação Paralela 37 Resistência Equivalente de uma Associação Mista 41 Lei de Ohm 46 Primeira Lei de Kirchhoff 52 Segunda Lei de Kirchhoff 57 Leis de Kirchhoff e Ohm em Circuitos Mistos 62 Tensão Alternada Senoidal 66 Capacitores 72 Capacitância 82 Capacitores em CA 84 Magnetismo e Eletromagnetismo 88 Indução e Auto-Indução 98 Indutores em CA 104 Circuitos Resistivos Reativos 106 Transformadores 112 Materiais Semicondutores 122 Diodo Semicondutor 128 Retificação de Meia Onda 142 Retificação de Onda Completa 148
2
Filtros nas Fontes de Alimentação 157 Diodo Zener 166 Diodo Zener como Regulador de Tensão 172 Diodo Emissor de Luz 180 Transistor Bipolar – Estrutura Básica 184 Princípio de Funcionamento do Transistor 187 Dissipação de Potência no Transistor 195 Configurações de Ligação do Transistor 204 Ponto de Operação 215 Relação entre os Parâmetros Ib, Ic, Vce 220 Métodos de Polarização do Transistor 223 Circuitos Reguladores 229 Amplificação de Sinais Elétricos 236 Amplificador Emissor Comum 240 Amplificador Base Comum 252 Amplificador Coletor Comum 257 Amplificadores em Cascata 265 Ondas Sonoras 270
3
3
Grandezas elétricas
Tensão
A expressão “grandezas elétricas” se aplica a todos os fenômenos de origem elétrica que podem ser medidos. A tensão é uma grandeza elétrica, que pode ser medida, e que tem origem no desequilíbrio elétrico dos corpos. É necessária a existência de uma tensão elétrica para que seja possível o funcionamento de qualquer equipamento elétrico (por exemplo: lâmpada, gravador, motor, etc.).
Eletrização de um corpo
No estado natural qualquer porção de matéria é eletricamente neutra. Isto significa que se nenhum agente externo atua sobre uma determinada porção de matéria, o número total de prótons e elétrons dos seus átomos será igual.
Esta condição de equilíbrio elétrico natural da matéria pode ser desfeita, de forma que um corpo deixe de ser neutro e fique carregado eletricamente. O processo através do qual se faz com que um corpo eletricamente neutro fique carregado é denominado de
eletrização.
O tipo de carga elétrica (positiva ou negativa) que um corpo assume após sofrer um processo de eletrização depende do tipo de corpo e do processo utilizado. Os processos de eletrização atuam sempre nos elétrons que estão na última camada dos átomos (camada de valência).
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Quando um processo de eletrização
retira elétrons
da camada de valência dos
átomos o material fica com o
número de prótons maior que o número de elétrons.
Nestas condições o corpo fica eletricamente positivo.
Quando um processo de eletrização
acrescenta elétrons
em um material,
o número
de elétrons torna-se maior que o número de prótons
e o corpo fica carregado
negativamente.
Eletrização por acréscimo de elétrons, corpo carregado negativamente.
A eletrização pode ser gerada por: Atrito; Indução; Contato; Impacto. Em qualquer processo, contudo, o resultado são corpos carregados eletricamente. A carga elétrica de um corpo obtida por eletrização denomina-se
eletricidade estática.
Atração e repulsão entre as cargas elétricas
Quando dois corpos eletrizados são aproximados um do outro se verifica que existe uma reação entre eles. Através de experimentação se verifica que se um dos corpos está carregado positivamente e o outro negativamente existe uma tendência dos dois corpos em se atrairem mutuamente.
5
No entanto, se os dois corpos apresentam cargas de mesmo sinal, os corpos se repelem. A partir destas observações se concluiu: Cargas opostas (+ e -) se atraem; Cargas iguais (+ e + ou - e -) se repelem.
Potencial elétrico
Tomando-se um pente que não tenha sido atritado, ou seja, sem eletricidade estática, e, aproximando-o de pequenas partículas de papel, não ocorre nenhum fenômeno.
Entretanto, se o pente for eletrizado, ao aproximá-lo das partículas de papel estas serão atraídas pelo pente. Isto significa que o pente carregado tem capacidade de realizar o trabalho de movimentar o papel.
Quando um corpo adquire capacidade de realizar um trabalho diz-se que este corpo tem um
potencial
. Como no caso do pente a capacidade de realizar o trabalho se deve a um desequilíbrio elétrico do seu potencial. Esse desequilíbrio é denominado de
potencial elétrico.
Diferença de potencial
Quando se comparam os trabalhos realizados por dois corpos eletrizados, automaticamente está se comparando os seus potenciais elétricos. A diferença entre os trabalhos expressa diretamente a diferença de potencial elétrico entre os dois corpos.
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A diferença de potencial, abreviada por d.d.p. é importantíssima nos estudos relacionados com eletricidade e eletrônica. Assim, pode-se verificar a existência de diferença de potencial entre corpos eletrizados com cargas diferentes ou com o mesmo tipo de carga (veja figura a seguir).
A diferença de potencial é também denominada de tensão elétrica.
Observação
No campo da eletrônica e da eletricidade utiliza-se quase exclusivamente a expressão “tensão” para indicar a ddp ou tensão elétrica.
Unidade de medida de tensão
A tensão entre dois pontos pode ser medida através de instrumentos. A unidade de medida de tensão é o VOLT. A unidade VOLT é representada pelo símbolo V. Em algumas situações a unidade de medida padrão se torna inconveniente. A unidade de medida de comprimento, por exemplo, não é adequada para expressar o comprimento de um pequeno objeto, utilizando-se um submúltiplo, como o centímetro ou milímetro. A unidade de medida de tensão (VOLT) também tem múltiplos ou submúltiplos, adequados a cada situação.
Denominação
Símbolo
Valor com relação ao volt
megavolt
MV
106V ou 1000000V
Múltiplos
quilovolt
KV
103V ou 1000V
Unidade
volt V -
milivolt
MV
10
–3
V ou 0,001V
Submúltiplos
microvolt
µ
V
10-6 V ou 0,000001V
Observação
No campo da eletricidade usam-se normalmente o volt e o quilovolt. Na área da eletrônica usa-se normalmente o volt, milivolt e o microvolt. A conversão de valores é feita de forma semelhante a outras unidades de medida.
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Exemplos de conversão:
3,75 V = mV
0,6V = mV
200mV = V
Fontes geradoras de tensão
A existência de tensão é condição fundamental para o funcionamento de todos os aparelhos elétricos. A partir desta necessidade, foram desenvolvidos dispositivos que tem a capacidade de criar um desequilíbrio elétrico entre dois pontos, dando origem a uma tensão elétrica. Estes dispositivos são denominados genericamente de
fontes geradoras de tensão.
Existem vários tipos de fontes geradoras de tensão, entre os quais citam-se:
Pilhas
Baterias
Geradores (máquinas que geram tensão
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Pilhas
As pilhas são fontes geradoras de tensão usadas em aparelhos portáteis. Basicamente as pilhas são constituídas por dois tipos de metais mergulhados em um preparado químico.
Este preparado químico reage com os metais, retirando elétrons de um e levando para o outro. Um dos metais fica com potencial elétrico positivo e o outro fica com potencial elétrico negativo. A figura abaixo ilustra a eletrização dos metais.
Entre os dois metais existe portanto uma ddp ou tensão elétrica. Pela própria característica de funcionamento das pilhas, um dos metais torna-se positivo e o outro negativo. Cada um dos metais é denominado de pólo. As pilhas dispõe de um pólo positivo e um pólo negativo. Os pólos de uma pilha nunca se alteram. O pólo positivo sempre tem potencial positivo e o pólo negativo sempre tem potencial negativo. Normalmente se diz que as
polaridades
de uma pilha são fixas.
Tensão contínua ou tensão CC
Tensão elétrica entre dois pontos, cuja polaridade é invariável. Todas a fontes geradoras de tensão que tem polaridade fixa são denominadas de fontes geradoras de tensão contínua.
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Tensão fornecida por uma pilha
As pilhas utilizadas em gravadores, rádios e outros aparelhos fornecem uma tensão contínua de aproximadamente 1,5V, independente do seu tamanho físico.
Pilhas (pequena, média, grande e pilha de telefone)
Gráfico Tensão CC Tempo
A tensão fornecida pelas pilhas e geradores de tensão contínua pode ser representada em um gráfico. Este gráfico mostra o comportamento da tensão fornecida por uma pilha ao longo do tempo.
O gráfico mostra que a tensão fornecida por uma pilha comum é 1,5V em qualquer tempo.
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Corrente elétrica
A corrente elétrica consiste em um movimento orientado de cargas, provocado pelo desequilíbrio elétrico (ddp) existente entre dois pontos.
A corrente elétrica é a forma pela qual os corpos eletrizados procuram restabelecer novamente o equilíbrio elétrico.
Descargas elétricas
As descargas elétricas são fenômenos comuns na natureza. Os relâmpagos são exemplos característicos de descarga elétrica. O atrito contra o ar faz com que as nuvens fiquem altamente eletrizadas, adquirindo um potencial elevado (tensão muito alta). Quando duas nuvens com potencial elétrico diferente (com ddp) se aproximam ocorre uma descarga elétrica (relâmpago) entre elas.
O deslocamento de cargas elétricas entre dois pontos onde existe ddp é denominado de
corrente elétrica
. Corrente elétrica é o deslocamento orientado de cargas elétricas entre dois pontos quando existe ddp entre estes pontos.
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A partir da definição de corrente elétrica se pode concluir que o relâmpago é uma corrente elétrica que existe devido a tensão elétrica existente entre as nuvens. Durante o curto tempo de duração de um relâmpago um grande número de cargas elétricas flui de uma nuvem para outra. Dependendo da grandeza do desequilíbrio elétrico entre duas nuvens, a descarga (corrente elétrica) entre elas pode ter maior ou menor intensidade.
Ampère
Unidade de medida da intensidade da corrente elétrica. A unidade Ampère é representada pelo símbolo A. Uma intensidade de corrente de 1A significa que 6,25 X 1018 cargas elétricas passam em 1s de um ponto a outro onde existe tensão elétrica. A unidade de intensidade de corrente Ampère também tem múltiplos e submúltiplos que são apresentados na tabela abaixo.
Denominação
Símbolo
Valor em relação a unidade
Múltiplo
Quiloampère
kA
103A ou 1000A
Unidade
Ampère
A
-
Miliampère
mA
10-3 ou 0,001A
Microampère
µ
A
10-6 ou 0,000001A
Nanoampère
nA
10-9 ou 0,000000001A
Submúltiplos
Picoampère
pA
10
-12
ou 0,000000000001A
Observação
No campo da eletrônica são mais utilizados o ampère, miliampère e o microampère. A conversão de valores é feita de forma semelhante a outras unidades de medida.
Exemplos de conversão: 1,2A = mA
15µA = mA
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O instrumento utilizado para medir a intensidade de corrente é o Amperímetro. E existem ainda:
Miliamperìmetros:
Para correntes da ordem de miliampères.
Microamperìmetros:
Para correntes da ordem de microampères.
Nanoamperìmetros:
Para correntes da ordem de nanoampères.
Picoamperìmetros:
Para correntes da ordem de picoampères.
Corrente contínua
Quando o movimento de cargas elétricas (sejam elétrons ou íons) ocorre sempre em um sentido a corrente elétrica é denominada de
corrente contínua.
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Resistência elétrica
Resistência elétrica é a oposição que um material apresenta ao fluxo de corrente elétrica. Todos os dispositivos elétricos e eletrônicos apresentam uma certa oposição a passagem da corrente elétrica.
Origem da resistência elétrica
A resistência que os materiais apresentam à passagem da corrente elétrica tem origem na sua estrutura atômica. Para que a aplicação de uma ddp a um material origine uma corrente elétrica, é necessário que a estrutura deste material propicie a existência de cargas elétricas livres para movimentação. Quando um material propicia a existência de um
grande número de cargas livres
a
corrente elétrica flui com facilidade através do material.
A resistência elétrica destes materiais é pequena.
Por outro lado, nos materiais que propiciam a existência de um
pequeno número de
cargas livres
a corrente elétrica flui com dificuldade.
A resistência elétrica destes materiais é grande.
Unidade de medida da resistência elétrica
A unidade de medida da resistência elétrica é o 0hm , representado pelo símbolo Ω. A unidade de resistência elétrica tem múltiplos e submúltiplos. Entretanto, na prática, usa-se quase exclusivamente os múltiplos, que estão apresentados na tabela abaixo.
Unidade de medida da resistência elétrica e seus múltiplos
Denominação
Símbolo
Valor em relação a unidade
Megohm
MΩ
106 Ω ou 1000000Ω Múltiplos Quilohn
KΩ
103 Ω ou 1000Ω Unidade
0hm Ω
-
14
A conversão de valores obedece o mesmo procedimento de outras unidades.
Exemplos de conversão
120Ω = 0,12 kΩ 5,6kΩ = 5600Ω 2,7MΩ = 2700kΩ 390kΩ = 0,39MΩ 470Ω = 0,00047MΩ 680kΩ = 0,68MΩ
Instrumento de medida de resistência elétrica
O instrumento destinado à medida de resistência elétrica é denominado de ohmímetro. Raramente se encontra um instrumento que seja unicamente ohmímetro. Em geral, as medidas de resistência elétrica são realizadas através de um multímetro.
Aplicações da resistência elétrica
O efeito causado pela resistência elétrica, que pode parecer inconveniente, encontra muitas aplicações práticas em eletricidade e eletrônica. Alguns exemplos práticos de aplicação da resistência dos materiais são: Aquecimento: em chuveiro, ferros de passar; Iluminação: lâmpadas incandescentes.
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Potência elétrica em CC
A passagem da corrente elétrica através de uma carga instalada em um circuito elétrico produz efeitos tais como calor, luz, movimento.
O calor, luz, movimento produzido pelo consumidor a partir da energia elétrica é denominado de
trabalho
. A capacidade de cada consumidor de produzir trabalho em um determinado tempo a partir da energia elétrica é denominada de Potência Elétrica. O conhecimento da potência elétrica de cada componente em um circuito é muito importante para que se possa dimensioná-lo corretamente.
Trabalho elétrico
Os circuitos elétricos são montados com objetivo de realizar um aproveitamento da energia elétrica. Entre os efeitos que se pode obter a partir da energia elétrica citam-se. Efeito calorífico Nos fogões elétricos, chuveiros, aquecedores a energia elétrica é convertida em calor . Efeito luminoso Nas lâmpadas a energia elétrica é convertida em luz (e também uma parcela em calor).
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Efeito mecânico Os motores convertem energia elétrica em força motriz (movimento).
Potência elétrica
Analisando particularmente um tipo de carga, como por exemplo, as lâmpadas, se verifica que nem todas produzem a mesma quantidade de luz.
Da mesma forma, existem aquecedores capazes de ferver um litro d’água em 10 minutos e outros que podem fazê-lo em 5 minutos. Tanto um aquecedor como o outro realizam o mesmo trabalho elétrico de aquecer um litro d’água até a temperatura de 100°C. Entretanto, um deles é mais rápido, realizando o trabalho em menor tempo. A partir desta afirmação se conclui que os dois aquecedores não são iguais. Existe uma grandeza elétrica através da qual se relaciona o trabalho elétrico realizado e o tempo necessário para sua realização. Esta grandeza é denominada de
potência
elétrica.
Potência elétrica é a capacidade de realizar um trabalho na unidade de tempo, a partir da energia elétrica.
A partir disto se pode afirmar: Lâmpadas que produzem quantidades de luz são de potências diferentes; Aquecedores que levam tempos diferentes para ferver uma mesma quantidade de água são de potências diferentes. O mesmo acontece em relação a outros tipos de consumidores tais como motores, aquecedores, etc. Existem motores de grande potência (elevadores) e de pequena potência (gravadores). A potência elétrica é uma grandeza e como tal pode ser medida. A unidade de medida da potência elétrica é o
Watt
, representado pelo símbolo W.
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1 Watt é o trabalho realizado em um segundo por um consumidor alimentado por uma tensão de 1 Volt no qual circula uma corrente de 1A.
A unidade de medida da potência elétrica Watt tem múltiplos e submúltiplos. A tabela a seguir apresenta os múltiplos e submúltiplos usuais do Watt.
Denominação
Símbolo
Valor com relação ao watt
Múltiplo
quilowatt
Kw
103W ou 1000W
Unidade
watt
W
1W
miliwatt
MW
10-3W ou 0,001W
Submúltiplos
microwatt
µ
W
10-6W ou 0,000001W
Para a conversão de valores usa-se o mesmo sistema de outras unidades.
Exemplo de conversão:
1,3W
=
1300mW
350W
=
0,35KW 640mW
=
0,64W
2,1KW
=
2100W 0,007W
=
7mW
12mW
=
12000µW
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Resistores
Os resistores são componentes utilizados nos circuitos com a finalidade de limitar a corrente elétrica. A figura abaixo mostra alguns resistores.
Pelo controle da corrente é possível reduzir ou dividir tensões.
Características dos resistores
Os resistores possuem características elétricas importantes: Resistência ôhmica; Percentual de tolerância.
Resistência ôhmica
É o valor específico de resistência do componente. Os resistores são fabricados em valores padronizados, estabelecidos por norma. Ex.: 120Ω, 560Ω, 1500Ω.
Percentual de tolerância
Os resistores estão sujeitos a diferenças no seu valor que decorrem do processo de fabricação. Estas diferenças se situam em 5 faixas de percentual: ± 20%; ± 10%; ± 5%; ± 2% e 1 % de tolerância. Os resistores com 20% , 10% e 5% de tolerância são considerados resitores comuns e os de 2% e 1% são resistores de precisão. Os resistores de precisão são usados apenas em circuitos onde os valores de resistência são críticos.
19
A percentual de tolerância indica qual a variação de valor que o componente pode apresentar em relação ao valor padronizado. A diferença no valor pode ser para mais por exemplo (+20%) ou para menos (-20%) do valor correto.
A tabela abaixo apresenta alguns valores de resistor com o percentual de tolerância e os limites entre os quais deve se situar o valor real do componente.
Resistor
% Tolerância
Valor do componente
-10%
1000 x 0,9 = 900
+10%
1000 x 1,1 = 1100
1000Ω
10%
O valor real estará entre 900Ω e 1100Ω
-5%
560 x 0,95 = 532
+5%
560 x 1,05 = 588
560Ω
5%
Entre 532Ω e 588Ω
+1%
120 x 0,99 = 118,8
-1%
120 x 1,01 = 121,2
120Ω
1%
Entre 118,8Ω e 121,2Ω
330Ω
10%
Entre 297Ω e 363Ω
18KΩ
20%
Entre 14,4KΩ e 21,6KΩ
A tabela a seguir apresenta a padronização de valores para fabricação de resistores em tolerância de 5%.
Série de valores E-24
10
11
12
13
15
16
18
20
22
24
27
30
33
36
39
43
47
51
56
62
68
75
82
91
Encontram-se ainda resistores como os valores da tabela anterior multiplicados por 0,1; 10; 100; 1000; 10000; 100000. Exemplos: 1,1Ω; 180Ω; 2700Ω; 36kΩ; 56kΩ; 9,1MΩ.
Pela tabela observa-se que os valores padronizados acrescidos das tolerâncias permitem que se obtenha qualquer valor de resistência desejada. Tomando 3 valores consecutivos da tabela, têm-se:
20
-10%
=
90 100Ω +10%
=
110
-10%
=
108 120Ω +10%
=
132
-10%
=
135 150Ω +10%
=
165
Simbologia
A figura abaixo mostra os símbolos utilizados para representação dos resistores indicando o símbolo oficial que deve ser utilizado no Brasil, segundo a norma ABNT.
As características específicas dos resistores em um diagrama aparecem ao lado do símbolo ou no seu interior.
Tipos de resistores
Existem três tipos de resistores quanto a constituição: Resistores de filme de carbono; Resistores de carvão; Resistores de fio. Cada um dos tipos tem, de acordo com sua constituição, características que os tornam mais adequados que os outros tipos em sua classe de aplicação. A seguir, são apresentados os processos básicos de fabricação e a aplicação do componente.
Resistor de filme de carbono
O resistor de filme de carbono, também conhecido como resistor de película, é constituído por um corpo cilíndrico de cerâmica que serve de base para a fabricação do componente. Sobre o corpo é depositada uma fina camada em espiral, de material resistivo (filme de carbono) que determina o valor ôhmico do resistor.
21
Os terminais (lides de conexão) são colocados nas extremidades do corpo em contato com a camada de carbono.
O corpo do resistor pronto recebe um revestimento que dá acabamento na fabricação e isola o filme de carbono da ação da umidade. A figura a seguir apresenta um resistor pronto, em corte, aparecendo a conexão dos terminais e o filme resistivo.
As características fundamentais do resistor de filme de carbono são a precisão e a estabilidade do valor resistivo.
Resistores de carvão
O resistor de carvão é constituído por um corpo cilíndrico de porcelana. No interior da porcelana são comprimidas partículas de carvão que definem a resistência do componente.
. Com maior concentração de partículas de carvão o valor resistivo do componente é reduzido. Apresentam tamanho físico reduzido. Os valores de dissipação e resistência não são precisos. Podem ser usados em qualquer tipo de circuito.
Resistores de fio
Constitui-se de um corpo de porcelana ou cerâmica que serve como base.
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Sobre o corpo é enrolado um fio especial (por exemplo níquel-cromo) cujo comprimento e seção determinam o valor do resistor. A figura abaixo apresenta um resistor de fio em corte. Nela aparecem os terminais, o fio enrolado e a camada externa de proteção do resistor.
Os resistores de fio tem capacidade para trabalhar com maior valores de corrente. Este tipo de resistor produz, normalmente uma grande quantidade de calor quando em funcionamento. Para facilitar o resfriamento nos resistores que produzem grandes quantidades de calor o corpo de porcelana maçiço é substituído por um tubo de porcelana.
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Código de cores para
resistores
O valor ôhmico dos resistores e sua tolerância podem ser impressos no corpo do componente, através de anéis coloridos.
A cor de cada anel e sua posição com relação aos demais anéis, corretamente interpretada fornece dados sobre o valor do componente. A disposição das cores em forma de anéis possibilita que o valor do componente possa ser lido de qualquer posição.
Interpretação do código
O código se compõe de três cores usadas para representar o valor ôhmico, e uma para representar o percentual de tolerância. Para a interpretação correta dos valores de resistência e tolerância do resistor os anéis tem que ser lidos em uma seqüência correta. O primeiro anel colorido a ser lido é aquele que está mais próximo da extremidade do componente. Seguem na ordem - 2o, 3o e 4o anéis colorido, como mostra a figura a seguir. Os três primeiros anéis coloridos (1o, 2o e 3o) representam o valor do resistor. O 4o anel representa o percentual de tolerância.
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O primeiro anel colorido representa o primeiro número que formará o valor do resistor.
A cada número corresponde uma cor.
Preto – 0
amarelo - 4
cinza - 8 Marrom – 1
verde - 5
branco - 9 Vermelho - 2
azul - 6 Laranja – 3
violeta - 7
Aproveitando os exemplos citados anteriormente as cores do 1o anel para cada um é:
O segundo anel colorido representa o segundo número que forma o valor do resistor.
Para o segundo anel as cores tem o mesmo significado do 1o anel.
25
O terceiro anel representa o número de zeros que segue aos dois primeiros algarismos, sendo chamado de fator multiplicativo.
A cada número de zeros corresponde uma cor:
Preto - Nenhum zero
Amarelo - 4 zeros (0000) Marrom - 1 zero (0)
Verde - 5 zeros (00000) Vermelho - 2 zeros (00)
Azul - 6 zeros (000000) Laranja - 3 zeros (000)
Observação
As cores violeta, cinza e branco não são encontradas no 3o anel por que os resistores padronizados não alcançam valores que necessitem de 7, 8 ou 9 zeros. Os resistores usados como exemplo são representados assim:
O quarto anel colorido representa a tolerância do resistor. A cada percentual corresponde uma cor característica.
± 10% prateado ± 5% dourado ± 2% vermelho ± 1% marrom
Observação
A ausência do quarto anel indica a tolerância de 20%. Acrescendo-se uma tolerância de 10% aos valores dos resistores usados como exemplo.
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680Ω ± 10% Azul, cinza, marrom, prateado 3300Ω ± 10% Laranja, laranja, vermelho, prateado 560000Ω ± 10% Verde, azul, amarelo, prateado
Resistores de 1Ω a 10Ω
Para representar
resistores de 1 a 10
( exemplo: 2,7Ω) o código estabelece o uso
da cor
dourada no 3o anel
. O dourado neste anel indica a existência da vírgula entre os dois primeiros números. Seguem alguns exemplos: 1,8Ω ± 5% Marrom, cinza, dourado, dourado 4,7Ω ± 10% Amarelo, violeta, dourado, prateado 8,2Ω ± 20% Cinza, vermelho, dourado, (não existe o 4o anel)
Resistores abaixo de 1Ω
Para representar
resistores abaixo de 1
(exemplo: 0,27Ω) o código determina o uso
do
prateado no 3o anel
. O prateado no 3o anel significa a existência de 0, antes dos
dois primeiros números.
Seguem alguns exemplos: 0,39Ω ± 20% Laranja, branco, prateado, sem cor 0,15Ω ± 10% Marrom, verde, prateado, prateado
A tabela a seguir apresenta o código de cores completo:
Cor
Dígitos significativos
Multiplicador
Tolerância
Preto
0
1 X
Marrom
1
10 X
Vermelho
2
100 X
Laranja
3
1000 X
Amarelo
4
10000 X
Verde
5
100000 X
Azul
6
1000000 X
Violeta
7 -
Cinza
8 -
Branco
9 -
Ouro
0,1 X
± 5%
Prata
0,01 X
± 10%
Sem cor
± 20%
27
Resistores de 5 anéis
Em algumas aplicações são necessários resistores com valores mais precisos, que se situam entre os valores padronizados. Estes resistores tem o seu valor impresso no corpo através de cinco anéis coloridos.
Nestes resistores, os três primeiros anéis são dígitos significativos, o quarto anel representa o número de zero (fator multiplicativo) e o quinto anel é a tolerância.
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Resistores ajustáveis
São resistores cujo valor de resistência pode ser ajustado, dentro de uma faixa pré­definida. A figura a seguir mostra alguns resistores ajustáveis.
Estes tipos de resistores são utilizados em circuitos que exijam calibração. Existem dois tipos de resistores ajustáveis:
Resistor ajustável de fio Trimpot
Resistores ajustáveis de fio
É um “resistor de fio” ao qual foi acrescentado um terceiro terminal, denominado de cursor.
Este terminal é móvel, deslizando em contato elétrico as espiras de fio que constituem o resistor, podendo ser fixado na posição desejada.
Trimpot
É um tipo de resistor ajustável utilizado em pontos de ajuste onde as correntes são pequenas (da ordem de miliampéres ou menos).
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